A gestão da diversidade linguística – Minicurso do professor Henrique Monteagudo

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A gestão da diversidade linguística – Minicurso do professor Henrique Monteagudo

minicurso Monteagudo setembro

Entre os dias 9 e 12 de setembro de 2019, o professor da Universidade de Santiago de Compostela, Henrique Monteagudo, ministrou o minicurso intitulado A GESTÃO DA DIVERSIDADE LINGUÍSTICA EM SITUAÇÕES DE CONTATO E CONFLITO LINGUÍSTICO: Comunidades minorizadas e políticas linguísticas na Espanha desde 1980 até a atualidade, com especial referência à Galiza e o idioma galego.

O curso se desenvolveu no Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagem, no âmbito do Projeto de Internacionalização PrInt-CAPES da Universidade Federal Fluminense “Multilinguismo, Direitos Linguísticos e Desigualdade Social”, e contou com a colaboração do Núcleo de Estudos Galegos. Com uma carga horária de 15 horas, sendo delas 12 presenciais, um número expressivo de estudantes e professores participou das aulas durante os quatro dias do curso.

PROGRAMA DO CURSO

1.- Política linguística em situação de minorização: glotopolítica, planejamento e gestão da diversidade.

A diversidade linguística: pluralidade de línguas e variação nas línguas. A gestão da diversidade linguística: política linguística, políticas da língua; língua(s), poder(es) e desigualdade(s). Língua(s) e identidade(s) coletivas: identidades sociais, identidade étnica e identidade nacional. Estado, nação, língua: os modelos estato-nacional e etno-nacional. A politização da etnia e a etnicização da pólis. O duplo desenvolvimento: superposição e estandardização. Língua e comunidade linguística.

A situação de minorização: minorias etno-linguísticas regionais / nacionais, minorias linguísticas transfronteiriças, línguas de migração, grupos linguísticos não territorializados. Bilinguismo, plurilinguismo e diglossia. Contato de línguas, bilinguismo e substituição.

Language planninge política linguística. O modelo de Haugen: planificação do status e do corpus. O modelo de Cooper: objetivos latentes e patentes, a planificação da aquisição. O modelo de Spolsky: cultura linguística / crenças e atitudes, gestão  práticas linguísticas. O ciclo da planificação linguística.

2.- A diversidade linguística na Espanha contemporânea. Os precedentes históricos. O marco estatal e europeu.

Lingua, nação e estado na Europa e na Espanha do Antigo Regime à idade contemporânea. O século XIX: a questão linguística nos processos de construção dos estados-nação e das nações sem estado. A invenção do monolinguismo: o modelo napoleónico e o modelo herderiano. Panorama da diversidade linguística na Espanha: dos precedentes históricos à atualidade. Nacionalismo espanhol e nacionalismos “periféricos” no século XIX e começos do XX. Entre o nacionalismo liberal e o nacionalismo autoritário: a politização da questão linguística até a II República (1931-39); o regime franquista e a nacionalização forçosa (1939-1975).

A Constituição espanhola de 1978 e o novo regime linguístico: estatuto do castelhano / espanhol, das línguas cooficiais e das outras “modalidades linguísticas”. Os Estatutos de autonomia e a cooficialidade das línguas das nacionalidades. Os casos do asturiano e do aragonês. A evolução da política linguística do Estado e dos discursos políticos sobre as línguas do Estado espanhol desde 1978 ata a atualidade.

Uma política linguística a escala europeia? Panorama sociolinguístico e glotopolítico da da Europa. A União Europeia. Línguas oficiais e línguas de trabalho na EU. Políticas de ensino de línguas estrangeiras na EU. O Conselho da Europa: a Carta Europeia de Línguas Regionais e Minoritárias.

3.- Situação sociolinguística e políticas linguísticas nos territórios de fala catalã:Catalunha, a Comunidade de Valência e as Ilhas Baleares; Andorra, a Catalunha Norte e outros territórios.

A língua catalã na história: do esplendor medieval à decadência moderna. Repressão, reivindicação e recuperação do catalão desde a Renaixença(s. XIX) ata a ditadura franquista (1939). A codificação do Institut d’Estudis Catalans (1913) e as Normas de Castelló (1932). A distinta situação sociolinguística da língua catalã nas comunidades de fala catalã. A língua catalã nos Estatutos de Autonomia de Catalunha (1979 e 2007), València (1982 e 2006) e Ilhas Baleares (1983 e 2007). A “normalização linguística”.  Os modelos linguísticos no ensino. A evolução da política linguística em Catalunha, València e Illas Baleares. Outros territórios de fala catalã.

4.- Situação sociolinguística e políticas linguísticas nos territórios de fala basca: Euskadi, Navarra e Iparralde.

A língua basca (euskara) na história. Cultivo e elaboración do euskara desde o século XVI ata o final do franquismo. O basco unificado (euskara batua) e as escolas em euskara (ikastolas). A situação sociolinguística nos distintos territórios de fala basca: Euskadi, Navarra e Iparralde. A política linguística do governo autónomo basco (Euskadi): a importância do modelo educativo.

5.- Situação sociolinguística e políticas linguísticas na Galiza.

Galego e português: dois percursos socio-históricos. Reivindicação, cultivo e elaboração do galego desde o século XIX até 1970:  O “Rexurdimento” (1850-1890), o regionalismo e a Real Academia Galega (1900-1915), as Irmandades da Fala, o Seminário de Estudos Galegos e a geração Nós (1915-1950). O galego baixo a ditadura franquista: a resistência cultural e o surgimento do novo nacionalismo (1950-1980). Galego e castelhano na Galiza ao longo do século XX: da diglossia à substituição. A importância da emigração.

As políticas de promoção do galego desde 1980: da normalização sem conflito (1980-2010) ao conflito sem normalização (2010-…). A codificação e o debate normativo.

Recapitulação. Galego, basco e catalão: sócio-histórias divergentes. O castelhano-espanhol como língua global. Língua, nacionalismo e diversidade na globalização. A diversidade linguística da Espanha, do passado ao porvir.

 

 

BIBLIOGRAFIA BÁSICA

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BIBLIOGRAFIA SELECIONADA

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